DISCLOSURE
Maria João Brito de Sousa
“Vejo os episódios da série Dexter sempre que a falta de inspiração me oferece uns momentos de repouso e me não acontece adormecer antes. Vejo-os quando assim calha, apesar de achar que o intérprete tem o pescoço demasiado curto e a irmã a língua mais suja do que a esfregona de limpar a varanda dos gatos e cara de quem não joga com o baralho todo, sem ter sido compensada pela bênção de ser poeta. Não o vejo com o mesmo entusiasmo com que vejo o Corredor do Poder, mas sou capaz de o preferir a um jogo de xadrez com o 2008, dependendo, claro, do estado de cansaço em que me encontre nesse dia; se me sentir alerta e com um mínimo de vontade de desafiar este mundo e o outro, optarei pelo jogo de xadrez. Se me sentir exausta, pelo rapazinho do mosquito e do biberão.
Não faz o meu género. Nem sequer tem a qualidade mínima que costumo exigir às séries que me digno apreciar. Vejo porque sim.” - 04.05.2011 -23.43h
Nada disto teria importância ou chegaria, sequer, a ser publicado se não tivesse começado a ser escrito no dia 04.05.2011, exactamente às 23.43h – segundo registo do meu computador – e, pouco depois, eu não tivesse ouvido, no “5 para a meia noite”, o nosso primeiro ministro afirmar que também o via. Eis-me de queixo caído, acreditando que esta coisa das coincidências está a tornar-se mais e mais insustentável, à medida que os anos passam, e perguntando-me que raio de maluqueira me terá dado, a mim que nunca falo das séries que vejo, para o fazer poucos minutos antes de José Sócrates, em amena cavaqueira, falar da mesmíssima coisa.
Não sei se ele faz, ou não, o mesmo tipo de críticas… se também acha que o rapaz tem o pescoço demasiado curto e a rapariga a língua demasiado suja, se também reparou que o tema poderia ser muito mais bem explorado e que os personagens estão sobre caracterizados ao nível da carga dramática e concorda que isso retira à série alguma qualidade… não sei nada disso mas se estas coincidências todas não abrandarem o ritmo e se houver mais alguma entrevista informal nestes próximos dias, não me admiro nada de o vir a descobrir…
Maria João Brito de Sousa - 15.05.2011
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