HOJE MATO-TE, SORRISO!
Maria João Brito de Sousa
Aqui, onde me sento, nasce-me outra sede nos lábios com sabor a café.
Mato o sorriso e até a força me vai renascendo nestas letras de negro vestida. Porque essa… essa não quero que me morra ainda! A não ser que me assegurem – alguém mo assegure, por favor! – que as palavras que me nasceram não morrerão em vão.
Hoje mato o sorriso… até ao próximo capítulo. Até ao momento em que, não importa a convulsão, as gentes se levantem sobre as pernas vacilantes e caminhem. Caminhem, já não sob este fogo cruzado das opiniões desencontradas, dos sabores adocicados, das dívidas mais ou menos fantasmagóricas, do amor que se esquece de ir além das saias curtas dos últimos modelos, da submissão – excessiva submissão – do poema ao banho-maria das conveniências. Caminhem apenas, mas numa direcção.
Mato o sorriso, arreganho o dente e lanço as palavras que ninguém quer ouvir. Só para que os vossos braços se levantem em protesto. Mesmo que as minhas pernas não consigam caminhar.
Mato o sorriso mas não choro. Quero aquilo que mais vos custa e nada posso dar para além destas palavras em que me exponho. Vermelha por fora; vermelha por dentro!
Maria João Brito de Sousa