DA INSUSTENTÁVEL NECESSIDADE DAS DESCULPAS ESFARRAPADAS...
Maria João Brito de Sousa
Do fundo mais fundo desta indescritível nebulosa em que a broncopneumonia lançou o meu discernimento, pareceu-me ouvir algumas palavras do Dr. Francisco George – palavras preocupadas, sem dúvida – sobre a possível ineficácia da vacina contra a gripe, administrada este ano. Ainda mais cá do fundo, lembro-me de que isso todos nós já sabemos… os vírus sofrem mutações tão rápidas e imprevisíveis que só com muita sorte – ou um milagre daqueles que dão direito a missas em directo – poderiam garantir os prometidos 100% de eficácia… mas, adiante, que esta “nebulosa” deixa-me tanto mais cansada quanto mais me esforço por entender estas dúvidas quase transcendentais dos que estão à cabeça da nossa saúde pública e eu, com muito maior economia de esforço, recursos e tempo, penso que o extraordinário aumento dos índices de mortalidade, entre idosos e doentes crónicos, se deve àquilo que vai sendo óbvio para todos nós; centenas ou milhares de indivíduos desses grupos de risco, deixaram, há muito, de poder tomar as suas medicações habituais e, outros tantos desistiram mesmo de deslocar-se às consultas por não terem dinheiro quer para os transportes, quer para o pagamento das taxas moderadoras. Esta é uma realidade que só não vê quem não quer e que, sendo assumida, talvez possa vir a poupar alguns milhares – ou milhões? – de euros num estudo que todos sabemos ser supérfluo…
Mas isto digo eu, claro, que estou a delirar com a febre…. ou não?
Maria João Brito de Sousa – 29.02.2012 – 13.38h