ELA(S)
Maria João Brito de Sousa
ELA(S)
Elas escolheram lá ter de semi-viver, ter de lutar a cada segundo pelo direito à próxima inspiração - arquejante(s) -, ter de sentir que a febre as aliena como se de excesso de vinho se tratasse... elas previram lá precisarem de estrebuchar, por dentro, à procura da palavra correcta, quando a sua existência se esculpe e acrescenta nas e pelas palavras e foi exactamente assim, sobre os alicerces da palavra escrita, que sobreviveram durante os últimos anos do seu percurso... porém, verdade seja dita, ela(s) jamais teria(m) querido vidas de algodão-doce, ou estradas de rebuçados, bombons e príncipes encantados. Elas protestam, mas estão em paz com as suas consciências e rejeitam os silicones exteriores... ou interiores.
Se, efectivamente, houvesse que escolher entre uma outra, ela(s) teria(m) escolhido a primeira, sem hesitar...
Quem pode escrever poesia decente cavalgando um unicórnio e envergando uns óculos côr-de-rosa?
Maria João Brito de Sousa - 02.05.2016